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Eu não pretendo fazer nenhum trabalho de futurologia, previsões macabras ou otimistas, mas tentar entender melhor algumas coisas que tem relação direta com a situação do mundo hoje e do mundo daqui a algum tempo. Mas as possibilidades e cenários são tão inúmeros e complexos em que não é possível saber todas as ações que ocorrem simultaneamente sobre um determinado tema. Agora imaginem as múltiplas relações entre as diversas partes do mundo e realmente parece impossível qualquer tipo de previsibilidade no futuro.

Muito embora haja expectativas e probabilidades gritantes em alguns casos, vale lembra que o fator mais imprevisível de qualquer equação visando o nosso futuro, somos justamente nós. E os impactos e exemplos são inúmeros, o fator humano não pode ser computado de uma forma totalmente matemática, ou pelo menos, ainda não foi inventada uma fórmula infalível que possa prever detalhadamente o comportamento humano, seja específico (de um indivíduo) ou da população como um todo (geral).

Isso acontece por sermos mentes pensantes, opinantes, flexíveis, mortais, com sentimentos, memórias, contextos, condicionantes e histórias, que tem consciência disso, alguns em menor grau do que outros. O contexto, seja social ou pessoal, faz uma grande diferença, pois é determinante sobre os conhecimentos e saberes adquiridos ao longo da vida.

Se a família e a sociedade prezam por ensinar e respeitar os feitos do passado há uma grande chance das novas gerações evitarem erros ou ‘perderem’ tempo descobrindo o que já foi descoberto. Por um lado, isso pode significar uma rápida evolução e progresso com novas tecnologias, novos métodos e processos que tornarão a vida mais ‘fácil’ do que era antigamente. Por outro lado, se não houver uma conscientização de que o que havia foram frutos de árduas conquistas e até erros lamentáveis ao longo de várias gerações, podemos ter uma geração fútil, fadada a conquistas mesquinhas e pouco inovadoras.

Se não levarmos os ensinamentos do passado em conta, até mesmo os que achamos banais e ultrapassados, mas que foram essenciais para resolução de problemas e dificuldades que hoje não existem mais ou que são menos intensos, corremos o risco de nos tornarmos estagnados e incapazes de resolver nossos próprios problemas. Romantizar o passado também não nos ajuda e até podem atrapalhar julgamentos e decisões.

Mesmo existindo coisas que podem envergonhar por gerações é preciso que ele seja entendido, relembrado, resolvido e perdoado, guardar rancor por algo que ocorreu há séculos pode não ser a melhor coisa do mundo, mas reprimir as violências e brutalidades de outrora também não se resolve. Aliás, tentar apagar os erros do passado através da repressão e supressão desses acontecimentos não tem sido a melhor tática que existe. O aumento dos casos de violência, no mundo todo, fundamentados em questões de gênero, etnia, nacionalidade, territorialidade, religião e inúmeras outras razões, são em sua maioria justificados por acontecimentos passados.

Para cada ação uma reação, só que no caso não como a lei da física que diz que é igual e contrária, pois há uma possibilidade de manipulação que pode tornar essa reação tanto uma marolinha como um verdadeiro tsunami. Usar a dor alheia para fomentar ódio e violência é um exemplo, o líder, o mártir, a vítima, todos são capazes de causar comoções e reações que de outra maneira seriam consideradas excessivas, mas que por ser tão chocante leva a uma histeria coletiva e as consequências são imprevisíveis. Mas essas são também situações limites, geralmente em contextos de fortes repressões, desilusões e desgostos da sociedade. O chamado estopim das revoluções, não significa que não havia nada de errado antes.

Talvez, justamente por uma série de antecedentes desagradáveis, é que ‘nasçam’ líderes e mártires, ou será que Moisés estava feliz com sua condição e a dos outros? O mesmo vale para Jesus, Maomé, Joana D’arc, Hitler, Ghandi, Lênin, Luther King, Mao, Castro e tantos outros nomes na história, seja já esquecida por muitos ou mais atual?

Há diversos motivos para considerar certos líderes, alguns dos mencionados acima, como a encarnação do ‘demo’ em pessoa, ao passo que também dos citados podem ser considerados Deus. Se, com suas ações, fizeram mais bem do que mal, isso cabe a cada um responder pelos seus atos e suas crenças, embora preocupante em certos casos, é inegável a influência de cada um a milhares e até milhões de pessoas durante sua existência, algumas são influência até hoje. Será que ficaram surpresos com as consequências de seus atos?

Uma pessoa é capaz de mudar o mundo, mas somente se ela for capaz de mobilizar outras pessoas. Pelo menos, para que possamos sentir diferenças significativas. Mesmo atos isolados podem ter grandes impactos, mas podem ser apenas temporários se não forem capaz de mudar e conscientizar as pessoas de uma forma mais profunda e significativa. Esse é um dos grandes problemas que enfrentamos na nossa sociedade cada vez mais individualista, pessimista e desmobilizada. Mas tenho esperanças, que um mundo melhor é possível, ainda.